10.4.07

Coisas que não vem no Harrison

Hoje em plena consulta de Cirurgia Hepato-biliar:


Médico: Então Dona Maria (nome fictício de uma senhora na casa dos 50, 60 anos no máximo) tou aqui a ver no seu processo (tipo mega-processo....fascículos A-L, o resto está perdido algures noutros locais do hospital) que tem um nódulo no fígado há já algum tempo. Não encontro é o relatório que diz que tipo de nódulo é.
D. Maria: Ah...sim, Doutor. É verdade. É verdade.
Médico: Então e sabe-me dizer que tipo de doença, que tipo de nódulo, o que é que lhe disseram que tinha?
D. Maria: Ahhh, sim...acho que diz que era um nódulo hepático.
Médico: Pois, isso eu sei.


De quem é a culpa? Da doente não é, claro. Do médico também não me parece que seja. Ora aí está! é do processo! Qual Enciclopédia Luso-brasileira, que contempla todos os passos que a D. Maria fez nos últimos 30 anos. Uma biografia espetacular. Desde o papelinho da marcação da 1ª consulta de há 20 anos atrás (que já está a perder cor...a virar para aquele verde-azulado- é já um histórico) até à exaustiva repetição dos valores das análises realizadas em 1988 aquando de uma vinda à urgência (às antigas urgências ainda), passando por uma meia resma de papel quase papiro (tal o estado de decomposição) com hieroglifos ilegíveis (diz que processo é tão antigo e tão completo que até tem relatos em egípcio- fantástico).

Um pouco exagerado, ok. Mas com qualquer coisa de verdadeiro.
Ah...a parte da meia resma foi arredondamento por defeito. Juro. Ele há cada um.

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